Vacina contra poliomielite: o novo esquema vacinal sem as gotinhas?

A vacina contra a poliomielite ainda continuará sendo dada pelo SUS, mas de outra forma: ao invés de gotinhas, ela será aplicada por meio de injeção

A partir desta segunda-feira (4), quem for a qualquer posto de saúde não vai mais encontrar aquela famosa vacina de gotinha, que protege contra a poliomielite. Depois de mais de seis décadas, ela deixará de ser aplicada no Brasil.

sso não significa que as crianças não serão mais imunizadas contra a doença. Muito pelo contrário. A vacina contra a poliomielite ainda continuará sendo dada pelo SUS, mas de outra forma: ao invés de gotinhas, ela será aplicada por meio de injeção. Agora, a vacina oral poliomielite (VOP) — a famosa “gotinha” — será substituída por uma versão injetável, a vacina inativada poliomielite (VIP).

Essa mudança faz parte de uma nova orientação do Ministério da Saúde, anunciada em setembro. “A decisão foi baseada em critérios epidemiológicos, evidências científicas sobre a vacina e recomendações internacionais para deixar o esquema vacinal ainda mais seguro”, disse o MS, em nota.

O protocolo já era usado nos Estados Unidos e na Europa e, agora, o Brasil decidiu seguir o mesmo caminho. Os frascos da vacina em gotinhas, inclusive, já foram todos recolhidos dos postos de saúde.

Como será o novo esquema de vacinação:

Com a nova determinação do Ministério da Saúde, a forma de aplicar a vacina também mudou. Antes, o esquema de vacinação contra a pólio usava dois tipos de imunizantes: o injetável para as primeiras doses e as gotinhas para as doses de reforço.

A diferença é que, agora, o injetável será usado em todas as etapas. Com isso, as duas doses de reforço com a vacina oral serão substituídas por uma única dose de reforço com a injetável aos 15 meses de idade.

Esquema de vacinação contra poliomielite

ANTES           AGORA

1ª dose         Aos 2 meses, com vacina injetável      Aos 2 meses, com vacina injetável

2ª dose         Aos 4 meses, com vacina injetável      Aos 4 meses, com vacina injetável

3ª dose         Aos 6 meses, com vacina injetável      Aos 6 meses, com vacina injetável

1º reforço    Aos 15 meses, com vacina oral Aos 15 meses, com vacina injetável

2º reforço    Aos 4 anos, com vacina oral      –

Fonte: Ministério da Saúde

Crianças que já foram vacinadas precisam se vacinar de novo?

Depende do caso. Com a mudança de protocolo, algumas crianças precisarão se vacinar de novo e outras não. Tudo depende de quantas doses elas já receberam. De forma geral, a orientação do Ministério da Saúde é:

Para criança de 2 meses a menos de 1 ano

-Que ainda não se vacinou: tomar 3 doses com VIP

-Que já tomou 1ª dose injetável: tomar mais 2 doses com VIP

-Que já tomou 1ª e 2ª dose injetável: tomar mais 1 dose com VIP

-Que já tomou 1ª, 2ª e 3ª dose injetável: agendar o reforço com VIP para quando completar 15 meses de vida

-Para criança de 1 a 4 anos

-Que ainda não se vacinou: tomar 3 doses com VIP e fazer 1 dose de reforço com VIP

-Que já tomou 1ª dose injetável: tomar mais 2 doses com VIP e fazer 1 dose de reforço com VIP

-Que já tomou 1ª e 2ª dose injetável: tomar mais 1 dose com VIP e fazer 1 dose de reforço com VIP

-Que já tomou 1ª, 2ª e 3ª dose injetável: tomar 1 dose de reforço com VIP quando completar 15 meses de vida (ou depois de 6 meses de ter tomado a 3ª dose injetável)

-Que já tomou 1ª, 2ª e 3ª dose injetável E 1º reforço com dose oral: tomar mais 1 dose de reforço com a VIP

-Que já tomou 1ª, 2ª e 3ª dose injetável E 1º e 2º reforço com dose oral: não precisa vacinar de novo, o esquema já está completo

– Por que a mudança para a vacina injetável?

A nova orientação do Ministério da Saúde não foi à toa. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já recomendava que a proteção contra a pólio fosse feita apenas com a vacina injetável. Agora, o Brasil só passou a seguir o que indicam as organizações médicas, incluindo a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

Qual é a diferença entre a vacina oral e a vacina injetável?

A principal diferença entre a vacina oral (VOP) e a vacina injetável (VIP) contra a poliomielite está na composição e na forma como elas atuam no organismo:

O que os pais precisam saber?

Muitos pais podem se sentir inseguros com a mudança, especialmente porque as gotinhas são um método mais prático e menos doloroso. Porém, é importante saber que a vacina injetável é segura e eficaz, e garante uma proteção ainda melhor contra a poliomielite.

“Ambas são vacinas ambas extremamente eficazes e seguras, não há mudanças importantes no esquema de prevenção. O recado que precisa ser dado é que as crianças precisam ser vacinadas. A paralisia só ocorre em quem não tem vacina, não há casos de descrição de de crianças paralisadas que tiveram suas vacinas em dia”, diz o pediatra e infectologista Renato Kfouri (SP), em entrevista à CRESCER.

FONTE: GE

FOTO: DIVULGAÇÃO/ILUSTRAÇÃO

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