O aumento de até 50% na Taxa de Lixo em Salvador, aprovado pela gestão municipal do prefeito Bruno Reis para 2025, tem gerado intensos debates na esfera política e entre a população. Em pronunciamento realizado no dia 10 de janeiro de 2025 (sexta-feira), a vereadora Marta Rodrigues criticou a medida, destacando que a elevação é desproporcional à qualidade dos serviços oferecidos e agrava o impacto financeiro sobre as famílias de baixa renda. Esse reajuste, porém, não ocorre em um vácuo: ele coincide com a exposição de desvios milionários revelados pela Operação Overclean.
As Denúncias da Operação Overclean
Deflagrada em 10 de dezembro de 2024, a Operação Overclean revelou um esquema de corrupção que desviou aproximadamente R$ 1,4 bilhão de recursos públicos na Bahia. O esquema envolvia contratos fraudulentos em diversas áreas, incluindo os serviços de limpeza urbana.
Em Salvador, as investigações apontaram que a empresa Larclean Saúde Ambiental firmou contratos irregulares com a Secretaria Municipal de Educação, resultando no desvio de mais de R$ 67 milhões. O empresário José Marcos Moura, conhecido como “rei do lixo”, é acusado de utilizar sua influência para intermediar pagamentos em favor de empresas envolvidas no esquema.
A relação entre o aumento da Taxa de Lixo e o Caso Overclean tem sido alvo de questionamentos por parte de lideranças políticas e de movimentos sociais. O aumento tarifário é percebido como contraditório, considerando que parte significativa dos recursos destinados à limpeza urbana foi desviada por meio de contratos fraudulentos. Além disso, o caso expõe fragilidades no controle e na fiscalização de contratos públicos, levantando dúvidas sobre a destinação dos valores arrecadados com a nova tarifa.
Impactos Sociais e Políticos
O aumento da Taxa de Lixo ocorre em um contexto de pressão inflacionária, com uma população já sobrecarregada por custos crescentes de bens e serviços. A medida tem sido apontada como regressiva, afetando desproporcionalmente as famílias de baixa renda. Marta Rodrigues, entre outros parlamentares, defende que antes de qualquer reajuste, a gestão municipal deveria priorizar a melhoria na transparência dos contratos e a recuperação de valores desviados.
Politicamente, o escândalo da Overclean amplifica a pressão sobre a administração municipal para demonstrar gestão eficiente e íntegra dos recursos públicos. Movimentos sociais e organizações da sociedade civil têm intensificado a cobrança por accountability, exigindo investigações mais profundas e punição para os envolvidos no esquema.
Necessidade de Transparência e Reformas
A relação entre o aumento da Taxa de Lixo e os desvios revelados pela Overclean sublinha a necessidade de reformas na gestão pública. O fortalecimento de mecanismos de controle interno, a fiscalização externa independente e a ampliação da transparência nos contratos são medidas essenciais para restaurar a confiança pública.
Em resumo, enquanto o aumento da Taxa de Lixo onera os cidadãos, os casos de corrupção evidenciam uma administração ineficaz dos recursos. A situação exige ações contundentes para garantir que medidas futuras sejam tomadas em benefício da população, com ética e eficiência na gestão pública.
A Operação Overclean
A Operação Overclean teve início em 10 de dezembro de 2024, dividindo-se em duas fases principais. Na primeira, foram identificados contratos fraudulentos em serviços públicos, com o envolvimento de 27 investigados. Na segunda fase, ocorrida em 23 de dezembro de 2024, a Polícia Federal aprofundou as investigações sobre desvios na área de limpeza urbana em Salvador, resultando na prisão de oito pessoas. Durante a investigação ocorreu a recuperação de ativos, culminando no bloqueio de R$ 120 milhões. O caso envolveu cerca de 40 investigados, entre gestores, empresários e servidores públicos.
Fonte: Jornal Grande Bahia Foto divulgação