Presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Regional da Bahia, Dr. Victor Felzemburgh, adverte sobre os riscos do PMMA em procedimentos estéticos

presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Regional Bahia, Dr. Victor Felzemburgh

“As pessoas buscam tratamentos para melhorar a qualidade de vida, para melhorar a autoestima e a autoimagem na grande maioria tem uma repercussão boa, uma evolução positiva. Porém, em alguns momentos, quando a escolha dos profissionais não é adequada ou o uso de produtos não é o melhor, pode trazer riscos e prejuízos” afirmou o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Regional Bahia, Dr. Victor Felzemburgh, sobre o uso do polimetilmetacrilato (PMMA) em cirurgias e procedimentos estéticos, em entrevista para o programa Dia a Dia News.

O médico ressaltou que, apesar de o PMMA ter mais de 20 anos de mercado, ele não é uma novidade, e isso levou a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e o Conselho Federal de Medicina a buscarem tratamentos mais seguros, com resultados semelhantes ao PMMA, visto que as notificações sobre os riscos do uso desses produtos são desde 2005 e 2006.

O médico explicou quando o uso do PMMA teve início e sua finalidade: “O PMMA era usado como cimento para cirurgias osteopéticas, para outros tratamentos. Por volta de 2000, foi sugerido pelo Ministério da Saúde, juntamente com outros tratamentos, incluir o PMMA no programa de tratamento para pessoas com imunodeficiência, DSTs e pacientes com deformidades por conta dos efeitos do tratamento do HIV no final dos anos 90, que com a medicação causava muita atrofia dos tecidos.”

Victor alertou sobre o uso excessivo do PMMA, afirmando que, quando usado em grandes volumes para preenchimento do glúteo e do corpo, eventualmente pode causar complicações graves e até levar à morte.

“Temos que ter muito cuidado com a escolha dos preenchedores e dos profissionais, para evitar esses riscos”, afirmou.

O cirurgião citou que, em 2017, foi feito um levantamento e cerca de 5 mil cirurgias foram realizadas em todo o Brasil devido a complicações do PMMA, alertando as pessoas a procurarem profissionais com treinamento adequado, especialistas que se dediquem ao cuidado dos pacientes.

“Temos que ter muito cuidado com a escolha dos preenchedores e dos profissionais, para evitar esses riscos”, afirmou.

Sobre os tratamentos de cirurgia plástica mais procurados no Brasil, Victor respondeu: “A cirurgia plástica é uma referência mundial no Brasil. São quase 2 milhões de cirurgias por ano. O procedimento mais realizado pelos cirurgiões plásticos é a lipoaspiração, a lipoescultura, para tratar a hipotestrofia e melhorar o contorno corporal. Outra cirurgia muito realizada é a cirurgia de mama, com cerca de 300 mil a 350 mil cirurgias de prótese de mama. Cirurgias de abdominoplastia, nariz e face também são muito comuns.”

“Quando for procurar um profissional, procure um qualificado, alguém em quem você possa confiar. Busque pessoas que já operaram com esse profissional. Procure profissionais com formação, que sejam membros da sociedade e tenham registro de especialista no Conselho Federal de Medicina”, finalizou.

O PMMA, ou polimetilmetacrilato, é um tipo de preenchedor usado em procedimentos médicos, autorizado para tratamento reparador, como:

Correção volumétrica facial e corporal, que é uma forma de tratar alterações de volume provocadas por sequelas de doenças como a poliomielite (paralisia infantil).
Correção de lipodistrofia, uma alteração no organismo que leva à concentração de gordura em algumas partes do corpo, provocada pelo uso de medicamentos antirretrovirais em pacientes com HIV/Aids (síndrome da imunodeficiência adquirida).
Em 2024, a influenciadora digital Aline Maria Ferreira da Silva morreu após realizar um procedimento estético para aumentar os glúteos, com a aplicação de PMMA. Ela tinha 33 anos.

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) exige registro para o uso do PMMA em preenchimentos subcutâneos, pois é uma substância considerada de risco máximo. De acordo com o órgão, há registros de produtos para essa finalidade há mais de 10 anos no país.

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) não recomenda o uso de PMMA para fins estéticos devido ao risco de complicações graves, como necroses, cegueira, embolias, que podem levar à morte.

Por estagiária Fernanda Martins com informações Miro Nascimento Foto divulgação

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