Cândido Vaccarezza: Educação, ou falta dela, na Bahia

Cândido Vaccarezza, ex-deputado estadual e federal por São Paulo em duas oportunidades, líder dos governos Lula e Dilma na Câmara, e médico.

Educação, ou falta dela, na Bahia. Escrevo o meu primeiro artigo para o portal Bahia na Política, dirigido pelo amigo Jair, o que para mim é uma honra. Este portal tem se destacado como um centro de importantes notícias, novidades e de opinião para a política baiana. Tratarei hoje de um dos principais problemas da nossa Bahia, o analfabetismo, que, sem dúvida, compromete o desenvolvimento, a autoestima e é uma mácula que precisa ser resolvida na educação em nosso Estado. A Bahia, segundo o censo de 2022, tem 1.420.947 analfabetos, são pessoas maiores de 15 anos, que não sabem ler e nem escrever. 12,6% da população do Estado é muita gente. A Bahia é o Estado com maior número, em termos absolutos, de analfabetismo no Brasil. (Foto ilustração: Cândido Vaccarezza).

Nossa Bahia não merece este título. Sabemos, e é um bom sinal, que a taxa de analfabetismo na Bahia recuou de 16,6% para 12,6% nos últimos 12 anos, mas é muito pouco, a taxa de analfabetismo no Brasil é de 7%, o que já é muito alta. Um problema adicional é o analfabetismo funcional, a pessoa sabe ler alguns textos curtos, mas tem dificuldade de entender o que leu e não sabe se expressar por escrito. Imagine quantas pessoas à nossa volta não sabem escrever um bilhete. O dado do analfabetismo funcional é difícil de ser calculado, mas tem repercussão na economia, pois hoje pessoas que não compreendem o que leem não podem ocupar empregos diferenciados, além ser um sofrimento com repercussão para sua autoestima, é uma tragédia, a pessoa não pode sequer assistir a um filme legendado ou escrever um bilhete para um filho.

Este quadro é consequência da deficiência do ensino público no Brasil e na Bahia, da falta de estímulo à leitura na sociedade e do nosso modelo educacional. Tenho dito e lutado desde a minha juventude para que os ensinos fundamental e médio públicos sejam superiores aos privados. Acredito que programas circunstanciais ou de caráter social tipo ProUni, FIES, não resolverão o problema da baixa qualidade do ensino no Brasil. A educação é um passaporte para o futuro do país, da nossa Bahia e da sociedade. O caminho para a Educação pública de qualidade é: professores melhor preparados, com autoridade na sala de aula e ganhando bem; projeto pedagógico moderno articulado com as novas tecnologias e com uso das técnicas modernas como inteligência artificial e outras já utilizadas no mundo; ensino em tempo integral, com menos alunos por sala de aula, e ensino médio profissionalizante, para o jovem terminar o ensino médio com uma profissão técnica. Assim o ensino público no país será um fator de desenvolvimento e não de problema. Este conjunto de medidas depende fundamentalmente de política de governo.

Segundo dados do IBGE, em 2023, 66,8% das crianças e adolescentes matriculados no ensino básico estavam na rede pública, sendo que no ensino fundamental esta taxa sobe para 86,1%. Veja publicação oficial do MEC em 14/08/24: “Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgaram, nesta quarta-feira, 14 de agosto, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2023. De acordo com o indicador, Bahia alcançou 5,3 pontos nos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º). O resultado representa um avanço de 0,3 pontos a mais do que a meta estabelecida para o estado no primeiro ciclo do Ideb (2007-2021). Nos anos finais (6º ao 9º) do ensino fundamental, Bahia registrou 4,2 pontos e no ensino médio, 3,9 pontos, ficando abaixo da meta do Ideb projetada para o estado nas duas etapas de ensino”. Não foi publicação da oposição, foi do MEC, este quadro precisa mudar. Para colocar a Bahia em primeiro lugar será preciso colocar a Educação em primeiro lugar.

Fonte: Bahia na Política Foto divulgação

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