Academia Feirense de Letras empossa novos membros da Direção e Conselho Fiscal nessa quarta-feira (26)

A Academia Feirense de Letras (AFL) empossou na noite de 26 de março no Café Teatro do SESC, em Feira de Santana,  os novos integrantes da Direção e do Conselho Fiscal, eleitos para exercerem mandatos no biênio 2025-2026.

A equipe de reportagem do Dia a Dia News marcou presença na cerimônia e conversou com o presidente eleito, Doutor João Batista de Cerqueira; com Dom Itamar Vian, Eduardo Kruschewisk e com o Professor Josué da Silva Melo, os três eleitos membros do Conselho Fiscal da AFL.

DOUTOR JOÃO CERQUEIRA: desafio maior da Academia Feirense de Letras

O Doutor João Cerqueira destacou que um dos maiores desafios da atualidade é o estímulo a leitura e a escrita, especialmente entre os jovens e até mesmo entre os mais velhos.

“ Estamos estimulados a fazer um trabalho em prol das letras, da educação e da cultura de um modo geral. E lógico que um grande desafio que se apresenta nesse momento é como nós estimularmos a leitura, como orientarmos, como estimular a juventude a ler mais, como estimular também os mais maduros a ler e a escrever”, disse.

O presidente também mencionou a “revolução cognitiva”, referindo-se ao longo processo evolutivo da humanidade em relação ao pensamento e à comunicação,  apontando que, apesar dos avanços, a era digital trouxe um retrocesso no hábito de ler, porque as pessoas estão lendo menos e, consequentemente, se comunicando de forma mais simplificada.

“ Ao ler menos, a gente fala e escreve menos. A leitura é fundamental para desenvolver a forma de conversar, ampliar o  universo de palavras, facilita a comunicação. Lamentavelmente, nos meios de comunicação social é muito comum nós sermos reducionistas. Uma vez que escrever uma frase completa ‘Olá, como vai sua família, está bem?’ e outro responder ‘ Sim, kkkkk’,  kkkk é uma ofensa a nossa língua, porque é uma expressão reducionista”, explicou ele.

Projetos para estimular a leitura e a escrita

O presidente da AFL apresentou algumas iniciativas que pretende implementar para reverter essa situação. Dentre elas estão:

– Premiação do Livro do Ano: Um concurso que premiará obras literárias com um prêmio de mil reais.

– Concurso de Crônica e Poesia: Voltado para alunos da rede pública de ensino, incentivando a produção literária.

-Curso de Literatura: Um curso em homenagem ao literato feirense Eurico Alves.

– Evento Comemorativo: Uma celebração dos 170 anos de Filinto Marques de Cerqueira, um importante nome da Literatura, do Direito e do ensino em Feira de Santana e da Bahia.

DOM ITAMAR VIAN: contribuição na Academia Feirense de Letras

Mencionando a sua idade ( 84 anos), Dom Itamar Vian destacou que cogitou a possibilidade de se afastar das atividades, mas por perceber a importância de servir à comunidade “ como Cristo fez”, ele aceitou a missão de ser membro da Academia Feirense de Letras.

Dom Itamar apontou a relevância da entidade, dizendo ser essa “ uma instituição que desempenha um papel fundamental na promoção da literatura e da cultura em Feira de Santana. A sua dedicação à literatura local reflete um compromisso não apenas com a escrita, mas também com a educação e o fortalecimento da cultura regional”.

Desafios da Literatura local

Durante a entrevista, o membro do Conselho Fiscal ressaltou um problema significativo: a falta de valorização da literatura entre autores locais, mencionando que muitos escritores baianos e feirenses têm grande potencial, porém enfrentam dificuldades em publicar e vender seus livros.

Sobre essa realidade, Vian afirmou: “ isso é um reflexo de um desafio comum em muitas regiões, ou seja, a necessidade de maior apoio institucional e divulgação para os autores da terra”.

Iniciativas para incentivar a leitura

Além da necessidade de buscar apoio das instituições governamentais e privadas, a criação da Feira do Livro na cidade, a FLIFS, é um exemplo positivo que atraiu mais de 50 mil pessoas nos últimos anos e vem auxiliando na divulgação dos artistas da região.

A FLIFS, que é realizada pela UEFS, instituição parceira da AFL conforme palavras de Benjamin Batista (responsável pela fundação, no estado da Bahia, de dezenas de Academias de Letras e Artes), e pelo Serviço Social do Comércio (SESC); demonstra que há uma demanda por eventos literários que promovam a leitura e o acesso à cultura de artistas locais.

EDUARDO KRUSCHEVISK- a história da Academia Feirense de Letras

Sobre a história da AFL, o também empossado membro do Conselho Fiscal, Eduardo Kruschevisk narrou que:

“ A academia surgiu em 1976 através da ideia de Benjamin Batista e Djalma Gomes, ambos estudantes e frequentadores da Academia Castro Alves, em Salvador. Vindo pra cá ( Feira de Santana), como filhos da terra, eles resolveram que o ideal seria fazer uma academia aqui. Para isso, procuraram contato com alguns intelectuais, dentre eles Antônio Lopes e Alberto Boaventura, ambos de saudosa memória. E o Alberto facilitou as coisas, conseguindo com que nós fizéssemos uma reunião para fundar a primeira academia da cidade”.

Eduardo destacou ser, nessa época da fundação da Academia, um jovem poeta que foi incentivado por Alberto Boaventura a participar da inauguração e, a partir disso, se tornou um membro ativo da entidade.

Ao falar sobre os locais da reuniões dos intelectuais da AFL, Kruschevisk listou o fórum, a OAB e a sede do Ex-combatente, além do Centro de Cultura Amélio Amorim,  ressaltando a fase nômade do grupo.

“ Onde a gente achava um lugar que pudesse se reunir, a gente se reunia, fomos meio nômades. Ultimamente com o advento do Casarão dos Olhos D’água, a prefeitura nos cedeu uma sala onde nos instalamos.  Às vezes também fazemos reuniões no Amélio Amorim, graças à bondade, vamos dizer assim, ao favor que nos faz o seu encarregado”, finalizou.

PROFESSOR JOSUÉ MELO: importância da proibição do uso de telas no ambiente escolar

Em relação a Lei 15.100 de 2025, que proíbe o uso de celulares e outros aparelhos eletrônicos portáteis nas escolas, o Professor Josué Melo expressou sua preocupação com os efeitos prejudiciais das telas no desenvolvimento infantil.

“ As telas prejudicam o desenvolvimento da criança, do seu cérebro, do seu desenvolvimento mental e têm produzido distorções comportamentais muito sérias. A criança que não tem acesso às telas tem uma capacidade maior de desenvolvimento e aprendizado do que as crianças que têm acesso livre às telas. Isso já está constatado”, destacou.

Educação inclusiva: “educação é para todos os seres humanos, nascemos com esse direito inalienável”  

O professor também falou sobre a importância da educação inclusiva, ressaltando que ela deve ser um direito acessível a todos, especialmente para aqueles com necessidades especiais.

“ Há tempo que nós já estamos entendendo que a educação é para todos, é um direito de todos, não é um privilégio e, portanto, ela tem que ser inclusiva para todos, inclusive àqueles dotados de necessidades especiais, inclusive não, para esses ela tem que ser mais aprimorada, mais cuidadosa e mais atenciosa”.

Josué Melo, também membro do Conselho Fiscal, finalizou sua entrevista afirmando: “ O direito à educação é um direito à vida”, e citou a escola como um espaço de grande importância e transformação para o ser humano.

Fonte: Miro Nascimento e Letícia Linhares ( estagiária do Dia a Dia News) Escrita e fotos: Letícia Linhares

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