A Baía de Todos-os-Santos, em Salvador, é a maior baía navegável do Brasil e uma das maiores do mundo. Com cerca de 1.200 km² de águas calmas e propícias à navegação, ao turismo e ao transporte marítimo, a cidade se destaca como um importante polo de desenvolvimento econômico, abrindo espaço para a geração de empregos e novas oportunidades de trabalho.
A capital baiana também possui um mercado ativo de compra e venda de embarcações. Hugo Leonardo Assis, CEO do Barco Show Eventos, empresa organiza algumas das maiores feiras náuticas das regiões Norte e Nordeste diz que cada embarcação comercializada, não só nos eventos, mas em qualquer lugar, gera, no mínimo, três empregos diretos.
“O profissional que limpa o barco, o que faz a manutenção e o marinheiro responsável por conduzir a embarcação. Além disso, existem os empregos indiretos, que envolvem prestadores de serviço da parte elétrica, fibra, guarda em marina, entre outros”, lista.
Ele lembra também que, na cidade, há empresas especializadas apenas na troca de vidro ou policarbonato das embarcações, outras só em elétrica.”Ou seja, o impacto da venda de um barco pode ser até maior do que o de uma indústria, considerando o número de serviços que são ativados em cadeia”.
Para obter a carteira de Arrais Amador, habilitação básica exigida para conduzir embarcações de pequeno porte, o custo médio é de cerca de R$ 700. Essa certificação, lembra Hugo Leonardo, permite ao condutor pilotar barcos em áreas abrigadas. Já para quem deseja operar jet skis, é necessário possuir a carteira de Motonauta.
Com o crescimento do setor náutico, profissionais habilitados podem faturar entre R$ 2.500 e R$ 3.000 por mês, atuando de forma autônoma. Já os marinheiros contratados em regime fixo têm salários que variam entre R$ 2.000 e R$ 10.000 mensais, a depender da experiência, do tipo de embarcação e das responsabilidades a bordo, segundo cálculos do CEO do Barco Show Eventos.
“Muitas pessoas optam por não ter marinheiro fixo e contratam o serviço de forma avulsa. A diária varia entre R$ 300 e R$ 500, dependendo do porte da embarcação e da qualificação do profissional. Se pensarmos em uma média de R$ 400 por final de semana, uma pessoa pode faturar cerca de R$ 1.600 por mês só com os sábados, e isso sem considerar os domingos ou dias de semana, que também têm procura, como segunda-feira, quando muitos comerciários costumam sair de barco”, comenta.
“Temos, por exemplo, um caso de um marinheiro de uma lancha de 60 pés que recebe R$ 10 mil por mês. Ele tem experiência com navegação costeira e já navegou até Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro acompanhando o proprietário da embarcação”, completa Hugo Leonardo.
Ele lembra também que há um desequilíbrio entre a demanda e a oferta de profissionais qualificados no setor náutico. Segundo o CEO, há demanda cresceu, mas o mercado não está acompanhando esse crescimento. Muitos dos profissionais que ainda estão no mercado são mais antigos e, às vezes, têm dificuldade em acompanhar as mudanças do setor. Em muitos casos, é formar os profissionais do zero.
“Hoje existem iniciativas de capacitação gratuita, como a Fundação Aleixo Belov, que oferece o curso de Arrais Amador sem custo. As aulas acontecem no Museu do Mar. O básico é começar com a habilitação, assim como fazemos com a carteira de motorista. A pessoa se matricula numa escola náutica e depois realiza o exame na Capitania dos Portos, que é um órgão da Marinha do Brasil. A partir disso, já pode começar a navegar”.
Ainda conforme Hugo Leonardo, o setor náutico vai muito além da compra e venda de embarcações. Ele movimenta uma ampla cadeia econômica, impactando diretamente áreas como o turismo, a gastronomia e os serviços de apoio. Em destinos como Morro de São Paulo, por exemplo, o fluxo de embarcações gera demanda por profissionais responsáveis por receber turistas, guardar barcos, abastecer embarcações e oferecer suporte logístico.
“Esse crescimento está gerando uma demanda muito grande por prestadores de serviços, especialmente durante o verão, e criando um novo momento para o setor. Um momento que precisa ser acompanhado por políticas de incentivo à formação profissional e pelo fortalecimento dessa cadeia econômica que só tende a crescer”, conclui.
Por Correio