Governador Jerônimo Rodrigues intensifica reformas e amplia articulações para fortalecer base rumo à reeleição em 2026

O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), iniciou, no mês de março e começo de abril de 2025, série de reformas administrativas e intensificou articulações políticas com o objetivo de fortalecer sua base de apoio para as eleições de 2026, quando pretende disputar a reeleição. A iniciativa ocorre em meio a sinais de desgaste na gestão estadual e à queda de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), cuja imagem está fortemente vinculada à do governador.

Contexto político: 20 anos de hegemonia do PT na Bahia

Com quase duas décadas de domínio petista no estado, a Bahia é considerada um dos principais redutos eleitorais do Partido dos Trabalhadores no Brasil. Em 2022, Lula obteve uma vantagem de 3,7 milhões de votos sobre Jair Bolsonaro (PL) no estado, resultado visto como crucial para sua vitória nacional. Jerônimo reconhece que sua gestão está atrelada ao desempenho do governo federal.

Estamos muito colados. Se o Lula cai na pesquisa, ele me puxa. Quando ele sobe, me puxa para cima”, declarou o governador, em entrevista à Folha de S.Paulo.

Segurança pública no centro das críticas

segurança pública tem sido apontada como o principal desafio do governo Jerônimo. Apesar da redução de 8,5% nos homicídios em 2024, a Bahia enfrenta um cenário crítico, marcado por disputas entre facções, violência urbana e letalidade policial. Casos recentes, como a morte de uma dentista por bala perdida e o esquartejamento de um motoboy, tiveram ampla repercussão e fortaleceram o discurso da oposição.

Diante disso, o governador promoveu mudanças nos comandos da Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Técnica e Corpo de Bombeiros, mantendo o secretário de Segurança Pública, Marcelo Werner, à frente da pasta, mas renovando a equipe subordinada.

Mudanças na comunicação e disputas internas

Nesta segunda-feira (31/03/2025), Jerônimo anunciou a nomeação do publicitário Marcus Vinícius di Flora, ligado ao PT nacional, para a Secretaria de Comunicação Social do Estado. A pasta estava vaga desde dezembro. A escolha visa fortalecer a imagem institucional do governo e melhorar a comunicação direta com a sociedade, em um cenário de desgaste e competição interna.

A gestão estadual também vive tensões entre os grupos políticos liderados pelo ministro Rui Costa (Casa Civil) e pelo senador Jaques Wagner, ambos influentes na máquina petista baiana. A disputa pelo comando do diretório estadual do PT e as movimentações para as duas vagas ao Senado em 2026 adicionam complexidade ao cenário político.

Avanço nas articulações municipais

Além das reformas administrativas, o governador ampliou sua agenda de viagens ao interior, buscando fortalecer vínculos com prefeitos de diversos espectros políticos, inclusive aliados do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil). Jerônimo já visitou 309 dos 417 municípios baianos desde o início do mandato.

Entre os nomes cooptados estão prefeitos como Marcelo Belitardo (União Brasil), de Teixeira de Freitas, e Júnior Marabá (PP), de Luís Eduardo Magalhães — ambos apoiadores de Bolsonaro em 2022. O governador considera essa estratégia essencial para consolidar uma base municipalista sólida.

O líder da oposição soltou a mão da oposição. O ex-prefeito não tem esse trato que a gente tem de cuidar, de zelar, de fazer os contatos e se aproximar”, criticou Jerônimo, aludindo a ACM Neto.

Oposição dividida e sob pressão

A oposição, liderada por ACM Neto, enfrenta dificuldades para consolidar uma agenda unificada. Embora tenha vencido a eleição municipal em Salvador com a reeleição de Bruno Reis, o grupo político enfrenta desgaste com os desdobramentos da Operação Overclean, que investiga supostos esquemas de corrupção envolvendo membros do União Brasil.

Ainda assim, a oposição aposta na criação de uma federação entre União Brasil e PP, que pode garantir maior representatividade no Congresso Nacional e dificultar o retorno do PP à base aliada do PT na Bahia.

As pesquisas retratam o que a gente tem ouvido nas ruas. Há uma grande insatisfação com os governos do PT, tanto no plano nacional quanto no estadual”, afirmou o prefeito Bruno Reis.

Fonte: Jornal Grande BahiCom informações do Jornal Folha de S.Paulo

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