PERGUNTAS DE JESUS– Perguntar é uma forma de aprender. Quantos “por quês?” faz uma criança? É assim que ela aprende, se situa, conhece o mundo e as pessoas. Fazer indagações é uma arte mais de mestres do que de discípulos. Perguntar é, também, uma forma de obrigar o outro a pensar. Era isso que Jesus esperava das pessoas quando fazia perguntas.
JESUS, durante sua vida, fez muitas perguntas diferentes. Os quatro evangelistas registram 217. Mas ele deve ter feito outras tantas, nos encontros com o povo! As perguntas de Jesus são para todas as pessoas, de todos os tempos, inclusive, para nós. Ele quer continuar a inquietar a quem dele se aproxima. Suas perguntas nos obrigam a olharmos para nós próprios, para os outros e para a situação da sociedade. Por isso, não é possível ficarmos indiferentes diante delas.
A BÍBLIA narra que todos os anos, os pais de Jesus (Maria e José), iam a Jerusalém para a Festa da Páscoa. Numa dessas viagens, ao voltarem para casa, perceberam que Jesus havia ficado na cidade, eles então, voltaram a Jerusalém à procura do menino que tinha apenas doze anos. Depois de três dias o encontraram no Templo, sentado entre os mestres da Lei, ouvindo-os e fazendo-lhes perguntas. (Lc 2,46).
A QUEM vivia preocupado com coisas superficiais, ele perguntou: “Por que ficar preocupado quanto ao vestuário?” (Mt 6,28). E esclareceu: “Se Deus veste assim a erva do campo, que hoje está aí e amanhã é lançada ao forno, não o fará muito mais a vós, fracos na fé?” (Mt 6,30). Diante de quem criticava os erros dos outros, ele indagou: “Por que reparas no cisco no olho do teu irmão, e a trave no teu olho não percebes?” (Mt 7,3).
OS APÓSTOLOS, que navegavam no Lago de Genesaré, assustados com a tempestade, se dirigiram a Jesus e o despertaram dizendo: “Senhor salva-nos, estamos perecendo.” E ele perguntou: “Por que tendes medo, homens de pouca fé?” (Mt 8, 23-27). Em outra ocasião, diante de uma multidão faminta, o Mestre lhes perguntou: “Quantos pães tendes?”. “Sete, responderam eles, e alguns peixes.” (Mt 15,34).
JESUS, hoje, entre muitas perguntas, certamente nos faz essa: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (Mt 16,13). O cristão é aquele que procura conhecer Jesus de Nazaré, segui-lo e apresentá-lo aos outros, porque nossa fé se fundamenta na pessoa dele. Se tivermos um coração de discípulo, acabaremos fazendo o que fizeram aqueles dois discípulos de João Batista, que seguiram Jesus, perguntaram onde morava, e permaneceram com ele.
Por Dom Itamar Vian- Arcebispo emérito de Feira de Santana