Ser mãe de adolescente na era digital: entre o diálogo e os desafios das redes sociais

Para as mães, esse cenário representa um novo desafio: como orientar e proteger os filhos em um ambiente virtual repleto de informações, interações e, por vezes, riscos?

No Brasil, 83% das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos possuem perfil em ao menos uma rede social, sendo que, entre os jovens de 15 a 17 anos, esse número chega a 99%, segundo a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2024, realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), por meio do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), departamento do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). Com o uso frequente de plataformas como WhatsApp, Instagram, TikTok e YouTube, a presença digital tornou-se parte integrante da vida dos adolescentes.

Para as mães, esse cenário representa um novo desafio: como orientar e proteger os filhos em um ambiente virtual repleto de informações, interações e, por vezes, riscos?

A pediatra e hebiatra Cíntia Filomena alerta que o primeiro passo é não demonizar a tecnologia. “A internet faz parte do dia a dia do adolescente, e negar isso não é a solução. O papel da mãe não é controlar, mas acompanhar, orientar e entender o que está acontecendo no universo digital dos filhos”, afirma.

A pesquisa também revela que 24% dos adolescentes tentam passar menos tempo na internet, mas não conseguem, e 22% admitem que passam menos tempo do que deveriam com a família, amigos ou fazendo lição de casa devido ao uso excessivo das redes sociais.

Segundo Cíntia Filomena, o excesso de tempo conectado pode trazer impactos significativos para a saúde mental dos jovens. “O uso exagerado das redes sociais está relacionado a quadros de ansiedade, depressão, queda na autoestima e dificuldades de sono. As mães precisam estar atentas a sinais como isolamento, irritabilidade e mudanças bruscas de humor”, orienta a especialista.

A médica destaca que, mais do que impor regras rígidas, é fundamental construir um ambiente de confiança. “O adolescente precisa sentir que pode contar com os pais, que pode conversar sem medo de punição. Quando há diálogo, fica mais fácil lidar com temas difíceis como pornografia, desafios perigosos e fake news”, pontua.

Outro ponto importante destacado por Cíntia Filomena é o exemplo dado pelos adultos dentro de casa. “Não adianta exigir que o adolescente fique menos tempo no celular se a própria mãe não larga o aparelho. O exemplo ainda é a maior ferramenta educativa”, reforça.

Para equilibrar a relação com a tecnologia, a médica sugere estabelecer momentos offline em família. “Jantar juntos, sair para caminhar, fazer atividades que não envolvam tela. Esses momentos fortalecem os vínculos e mostram para o adolescente que ele não precisa estar o tempo todo conectado para ser aceito ou amado”, conclui.

Diante desse cenário, ser mãe de adolescente na era digital exige equilíbrio entre orientação, escuta ativa e presença afetiva. Um desafio que, segundo Cíntia Filomena, pode se transformar também em uma oportunidade de fortalecer laços e preparar os jovens para um uso mais consciente da tecnologia.

Fonte: Viver Mais Comunicação Foto:Cristiane Melo

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