Para muitos brasileiros, é quase automático associar o famoso “Haja coração!” das partidas de futebol à voz marcante de Galvão Bueno; o clássico “Boa noite” ao tom sério e familiar de William Bonner no telejornal; ou ainda a suavidade e doçura das músicas de Marisa Monte, que embalam tantos momentos.
Essas vozes ganharam destaque, mas a verdade é que todos nós carregamos identidade na forma como falamos.
Neste Dia Mundial da Voz, 16 de abril, o alerta é claro: precisamos cuidar bem desse instrumento tão pessoal e poderoso que é a nossa voz.
A fonoaudióloga do Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV), Letícia Alonso, explica que a voz é caracterizada pelo som produzido pelas pregas vocais, localizadas na laringe.
“O ar, quando expirado pelos pulmões, passa por elas e as faz vibrar”, diz a especialista no assunto.
De acordo com a profissional, a voz acompanha o processo de desenvolvimento e envelhecimento do corpo e, por isso, ao longo da vida, pode sofrer variações.
“Na infância é comum que a voz seja mais aguda, pela posição mais alta da laringe e pelas pregas vocais serem menores. Passando para a adolescência, ocorre uma mudança por razões hormonais, especialmente nos meninos. Já na fase adulta, ela se estabiliza, no entanto, é passível de variações por fatores como estresse, por exemplo. Nos idosos, por causa da perda de elasticidade e da força na musculatura, a voz tem uma menor projeção”, explica Letícia.
Diante disso, a fonoaudióloga destaca a relevância da voz na vida do ser humano. “Mais do que uma simples emissão sonora, ela é nossa principal ferramenta de comunicação, identidade e expressão”, afirma.
Ela ainda alerta para a importância dos cuidados com a voz e a atenção às possíveis alterações vocais.
A VOZ DA SAÚDE
Uma voz saudável é aquela sem falhas e compreensível socialmente. Em geral, ela corresponde ao tipo físico, gênero, idade de cada indivíduo nas diferentes fases da vida”, afirma o médico otorrinolaringologista do HSV, Dr. Fabrício Pandini.
O médico explica que os hábitos diários impactam diretamente na saúde vocal, como a hidratação adequada e a alimentação saudável.
“O tabagismo, consumo de álcool e o esforço excessivo podem prejudicar a laringe, causando a rouquidão, pigarro, tosse e falta de ar”, elenca Pandini.
A persistência desses sintomas, segundo ele, pode indicar o desenvolvimento de doenças mais graves.
“Toda alteração vocal que persiste por mais de duas semanas deve ser investigada clinicamente”, enfatiza, explicado que há doenças benignas, como cistos, ou malignas, como é o caso do câncer de laringe.
O tratamento, segundo ele, pode variar de acordo com as queixas apresentadas, incluindo sessões com fonoaudiólogo, administração de medicamentos, cirurgias e quimioterapia, em caso de tumores malignos.
“Há uma parcela pequena da população mundial que tem conhecimento das possíveis causas das alterações vocais e os respectivos tratamentos. O Dia Mundial da Voz foi criado para alertar a população sobre o assunto. Dessa forma, buscar ajuda e acompanhamento médico é essencial”, finaliza o médico.
Fonte: Jornal de Jundiaí Foto: Divulgação