Documentário “Axé no Coração da Bahia” faz um registro histórico, cultural e religioso de Seabra, na Chapada Diamantina

29

Os bons ventos do sincretismo e da tolerância religiosa levam para Seabra, na Chapada Diamantina, neste domingo, 20, o lançamento do documentário “Axé no Coração da Bahia”. 

Gravado na cidade, considerada o centro geográfico do Estado, o documentário conta em três episódios de, aproximadamente, dez minutos cada, as trajetórias de três casas de candomblé e umbanda de diferentes povoados e comunidades da zona rural. Os episódios do documentário foram gravados nos terreiros Ilê Axé Ajagun, Ranche Dow Comanche, ambos no Povoado de Estivinha, e no Terreiro de Umbanda Osana, localizado no povoado da Lajinha.

O documentário tem como cenário os próprios espaços dos terreiros e pretende estreitar o acesso e relação dessas comunidades que constroem e mantêm esses lugares sagrados. Não apenas para mostrar que a religião de matriz africana existe e resiste no interior do estado, mas também abordar temáticas que margeiam a vivência de quem a cultua. Dessa forma, cultura, ancestralidade, identidade, racismo e intolerância também são trazidos à reflexão a partir da obra audiovisual, que é uma das produções contempladas pela Lei emergencial Paulo Gustavo, em Seabra.

De acordo com o diretor Iago Aquino, esse é um “recorte do sincretismo religioso” que se observa em todo o Brasil. Em “Axé no Coração da Bahia”, o coração é a Chapada Diamantina, território que produziu o Jarê, religião de matriz africana que só existe na região e já é bastante conhecida por documentos e produções audiovisuais e literárias. No entanto, para o povo de santo, há muitas outras vertentes igualmente importantes e preservadas em seus redutos. Dessa forma, o documentário vem igualar em importância, mas destacar as diferenças entre cada casa registrada, com suas marcas e tradições.

Um dos objetivos do documentário, além de preservar a memória da ancestralidade afro-brasileira em Seabra, é se tornar referência para pesquisas em identidade e formação sociocultural da própria cidade. Para isso, o diretor pretende torná-la um documento filmográfico de domínio público que se revelará como um importante aporte educacional para contribuir com as unidades de ensino no cumprimento da Lei 11.645/08, que inclui no currículo oficial das redes de educação fundamental e médio a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileiras e indígenas.

O lançamento ocorrerá em praça pública, mais uma forma de democratizar o acesso à cultura e ampliar o conhecimento das temáticas que são reveladas pela série.

O diretor

Graduado em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb Campus Seabra), Iago Aquino é produtor audiovisual e fotógrafo. 

Tendo sua atuação voltada majoritariamente para a fotografia e o cinema, Iago desenvolve projetos nas áreas de Direção, Direção de Fotografia, além de ter construído uma vivência sólida na área de produção cultural, também atuando como produtor, diretor de produção para cinema e produtor executivo. 

Está constantemente envolvido em atividades que visam movimentar o cenário cultural da cidade de Seabra, onde vive, e da Chapada Diamantina, território para o qual empresta seu conhecimento também em projetos de educação voltados para a sua área de atuação tanto na universidade de onde é egresso, como em outras instituições como o Instituto Federal da Bahia (Ifba) e outras iniciativas como a Escola Livre de Audiovisual para os quais contribuiu ministrando aulas e oficinas. 

Dentre as produções de destaque, está o documentário “Prova Escrita”, vencedor da 10ª edição do DOC Futura, em que fez parte da direção de fotografia. Entre as produções mais recentes, contam com sua colaboração também o documentário ‘Com quantas estrelas se cria um céu aberto – Terno de Reis de Tonho de Lau’, no qual assina como diretor de fotografia, câmera e assistente de direção, e o curta-metragem ‘IBEJIS’, em que assinou a diretoria de produção, ambos realizados na Chapada Diamantina em 2024.

É também um dos organizadores do Cineclube Zequinha Barreto que leva produções de cinema à bairros periféricos e escolas, democratizando o acesso à cultura na cidade.

Fonte: Chapada News