No primeiro trimestre completo sob a liderança de Magda Chambriard, a Petrobras registrou lucro líquido de R$ 32,555 bilhões entre julho e setembro deste ano. No mesmo período do ano passado, o ganho da estatal foi de R$ 26,625 bilhões.
No acumulado do ano, o lucro chegou a R$ 53,650 bilhões. Entre janeiro e setembro do ano passado, o ganho somou R$ 93,563 bilhões. A queda anual ocorre porque no segundo trimestre deste ano a estatal registrou prejuízo após um acordo bilionário firmado com o governo, destinado a encerrar litígios tributários relacionados ao pagamento de afretamento de embarcações.
Bancos projetavam um lucro líquido entre R$ 27,2 bilhões e R$ 29,9 bilhões no terceiro trimestre deste ano por conta da queda na cotação do barril de petróleo no mercado internacional no período, que caiu de US$ 84,94 para US$ 80,18 entre julho e setembro.
Em balanço, a estatal classificou o terceiro trimestre como o de um “cenário externo desafiador”. A Petrobras destacou a queda de 6% no preço do petróleo e a menor margem de derivados, especialmente de diesel. Porém, disse que esses fatores foram compensados pelo aumento da taxa de câmbio média do real frente ao dólar, que passou de R$ 5,22 para R$ 5,55 no período.
“O maior volume de petróleo produzido no mix de derivados e pelo aumento nas vendas também contribuíram para o crescimento”, disse a estatal.
Fernando Melgarejo, diretor Financeiro e de Relacionamento com Investidores da estatal, explicou que a empresa compensou a queda no no preço do Brent com maiores volumes de vendas de derivados,
Mantivemos uma forte geração de caixa de R$ 62,7 bilhões, com aumento de 33% em relação ao trimestre anterior. Neste trimestre , não tivemos impacto relevante de itens não recorrentes, ao contrário do que observamos no segundo trimestre — disse ele.
Sob a liderança de Magda, que assumiu a estatal em junho deste ano, a companhia vem acelerando ainda mais projetos como a retomada das unidades de fertilizantes e de refinarias, que já entraram no novo plano de negócios, a ser anunciado nas próximas semanas. Além disso, a estatal vem suspendendo a venda de ativos. Ontem, por exemplo, anunciou que vai manter em seu portfólio a PBio, que atua na área de biocombustíveis.
A receita de vendas da estatal somou R$ 129,582 bilhões no terceiro trimestre, uma alta de 3,8% em relação ao mesmo período do ano passado. No ano, a receita chegou a R$ 369,561 bilhões, queda de 2,2%. A companhia citou ainda aumento das vendas de petróleo no mercado interno, em função do aumento das entregas para Acelen, e maior receita com energia elétrica.
Segundo a estatal, a venda de seus combustíveis tiveram um preço médio de R$ 488,57 por barril no trimestre, alta de 5,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. Em julho, a Petrobras reajustou o preço da gasolina.
Cenário desafiador, diz Magda
A companhia destacou que os investimentos somaram US$ 4,5 bilhões no terceiro trimestre, valor 30% maior em relação ao mesmo período do ano passado. No ano, o total soma US$ 10,890 bilhões, alta de 19,5%. Segundo a estatal, o segmento de Exploração e Produção liderou os aportes, com US$ 3,8 bilhões.
A Petrobras destacou o desenvolvimento da produção do polo pré-sal da Bacia de Santos (US$ 2,2 bilhão), a produção do pré e pós-sal da Bacia de Campos (US$ 0,8 bilhão) e investimentos exploratórios (US$ 0,2 bilhão).
A dívida bruta alcançou US$ 59,1 bilhões, recuo de 0,8% em relação ao trimestre anterior. A dívida líquida chegou a US$ 44,251 bilhões, queda de 4,1% no mesmo período. Já a dívida financeira, de US$ 25,8 bilhões, é a menor desde 2008.
Em nota, Magda destacou o lucro, a geração de caixa e redução tanto da dívida financeira quanto da dívida bruta. “Tudo isso em um cenário desafiador, de queda no preço do petróleo brent. Além disso, no 3º trimestre realizamos investimentos de US$ 4,5 bilhões em projetos que garantirão o futuro da companhia”, destacou.
Embora a estatal mantenha uma uma posição financeira robusta e distribuição de dividendos atraente, Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, diz que a empresa segue enfrentando desafios nas margens da venda de derivados, como a do diesel, impactando os resultados do refino, além da volatilidade do petróleo e do câmbio
No entanto, será crucial focar na eficiência operacional e na gestão de custos para mitigar impactos externos e preservar a resiliência no longo prazo.
O diretor-técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), Mahatma Ramos dos Santos, ressaltou o aumento dos preços e das vendas de derivados no mercado interno o lucro obtido pela estatal.
Com crescimento da capacidade de geração de caixa, a estatal ampliou em mais de 30% investimentos totais, reduziu endividamento e distribuiu R$ 17,12 bilhões em dividendos. Cenário que reforça a resiliência operacional e financeira, mesmo em um contexto de queda dos preços internacional do petróleo — comentou ele.
Por outro lado, ele destacou como aspecto negativo o baixo volume de recursos destinados a iniciativas de descarbonização e novas rotas tecnológicas de baixo carbono.
A melhora na geração de caixa e margens estáveis podem levar o mercado a reagir positivamente, levando a um avanço das ações. As vendas fortaleceram as receitas da companhia. No entanto, o cenário internacional de volatilidade nos preços do petróleo limitaram os ganhos, representando um desafio — avalia Juliana Tescaro, sócia do hub de soluções financeiras Grupo Studio.
Fonte: O Globo
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