Início » Preço da carne deve seguir em alta nos próximos meses

Preço da carne deve seguir em alta nos próximos meses

0 comentários

Quem tem ido a açougues, supermercados e feiras livres nos últimos dias, pôde notar um aumento no preço da carne. Representantes dos produtores rurais na região de Feira de Santana apontam fatores como o ciclo pecuário e as chuvas irregulares como determinantes para o aumento dos valores do produto e a tendência é de que a alta continue pelo menos até o final do ano.

A carne foi um dos principais vilões do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), referente ao mês de outubro, publicado no começo do mês de novembro pelo IBGE. O alimento apresentou alta de mais de 5% no período e deve continuar com os preços pressionados pelos próximos meses.  O aumento de preços na alimentação no domicílio chegou a 1,22% em outubro, com alta de 5,81% nos preços das carnes em geral. Os cortes do acém (9,09%), costela (7,40%), contrafilé (6,07%) e alcatra (5,79%) passaram por aumento.

Na região de Feira de Santana, até 40 dias atrás, o preço médio da arroba do boi era de R$ 200 e pulou para R$ 300, acompanhando a média nacional, cujo preço pode variar entre R$ 300 e R$ 350. Essa situação acabou impactando no preço final da carne para o consumidor, que busca pelo produto em açougues, frigoríficos, supermercados e feiras livres da cidade. No principal entreposto feirense – o Centro de Abastecimento – o preço da carne de primeira que estava na casa dos R$ 30, pulou para R$ 40, é o que está custando em média cortes como alcatra, contrafilé e a chã de dentro. O cupim está custando em média R$ 40 e a picanha pode ter o seu quilo no valor médio de R$ 50. Carnes de segunda como o cruz machado e o acém sem osso, estão a R$ 28 o quilo.

CICLO PECUÁRIO

De acordo com Luiz Bahia Neto, presidente da União Agro Bahia (UNAGRO), o ciclo pecuário tem um impacto direto na alta do preço da carne bovina. “O ciclo é o que determina a oferta de boi gordo no mercado. Quando  a produção de bezerros cresce, o preço cai, acarretando o aumento do abate de fêmeas e a queda do preço do boi gordo. A partir disso, a produção dos jovens animais diminui, elevando o preço dos bezerros. Cresce, então, a retenção das fêmeas e o preço do boi gordo”, explicou o dirigente. “Houve um grande descarte de vacas para o abate, aumentando a oferta e por isso o preço da carne estava mais baixo. Porém agora, os produtores tão segurando porque um grande descarte de fêmeas o que afeta a produção de bezerros, gerando uma redução na produção de carne e por conta disso está acontecendo o aumento dos preços”, complementou.

Luiz Bahia Neto acredita que somente em 2025 é que deverá acontecer uma redução de valores. “O mercado é dinâmico, mas se levarmos em conta o histórico recente, a tendência é que os preços sigam em alta, ainda mais por conta do período de final de ano, onde aumenta a procura e a oferta do produto diminui. A redução do preço só deve acontecer no ano que vem”, alertou.

CHUVAS IRREGULARES

Produtores torcem para que as chuvas caiam regularmente nos próximos meses na região de Feira de Santana

De acordo com Joelmo Figueiredo, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Feira de Santana, o que está acontecendo com relação a alta no preço da carne é o reflexo da reposição dos custos. “Normalmente neste período do ano acontece uma redução na oferta do boi e isso se reflete nos preços, que até então estavam defasados e por isso aconteceu este reajuste: os entrepostos compram a carne por um preço maior e isso influi diretamente no preço final odo produto para o consumidor. O aumento era algo previsível”, comentou

Outro fator que contribui para a situação atual são as chuvas irregulares, conforme diz Joelmo Figueiredo. “A chuva é de molhação: na cidade, o volume foi um pouco maior em relação á zona rural: tenho uma propriedade, onde choveu 10 milímetros. Tem cidades na Bahia que os volumes atingiram 60 milímetros. Aqui, a quantidade de chuvas é pequena e nesse caso temos que torcer para que elas continuem”, afirmou. “Se continua como está, o ‘bagaço’ que temos na zona rural acaba e acontece então a escassez de alimento natural. Isso implica no aumento de custos para os produtores e com certeza onera mais ainda o preço do produto final”, complementou.

O dirigente prevê muitas dificuldades para os produtores, caso não aconteçam as chamadas “chuvas de trovoada”, que normalmente ocorrem entre os meses de novembro e março. “A nossa expectativa é de que as chuvas continuem caindo na nossa região porque teremos a renovação das pastagens, o enchimento das aguadas, o que vai assim se transforma em uma cadeia de redução de custos até chegar o produto final para o consumidor. Caso não chova como a gente está prevendo, as coisas se tornarão difíceis para todos nós e para a população no geral”, sinalizou Joelmo Figueiredo.

Por Cristiano Alves com informações de Miro Nascimento

Fotos – Divulgação

Todos os Direitos Reservados. Produzido por  Alcance Marketing Digital